Entenda por que os preços das passagens aéreas estão tão elevados no Brasil

Entenda por que os preços das passagens aéreas estão tão elevados no Brasil

O preço médio das passagens aéreas em viagens nacionais entre janeiro e março deste ano foi o maior em um primeiro trimestre em mais de uma década: R$ 592,95.

O dado é o mais atualizado do levantamento feito pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Esse valor, segundo a Anac, é o maior desde o primeiro trimestre de 2010, quando a média foi de R$ 629,16, já corrigida pela inflação.

Na comparação anual, 2022 já havia entrado para a série histórica da agência como o ano em que os bilhetes custaram mais caro em muito tempo.

O preço médio foi R$ 649,14 — o maior valor desde 2009, quando o bilhete custou em média R$ 742,89.

“Ao menos desde 2019, as companhias aéreas têm subido os valores das passagens acima da inflação. Isso indica que as companhias estão elevando os preços mais do que a capacidade de renda da população, que tem enfrentado mais dificuldade para comprar passagens”, diz o economista Alexandre Jorge Chaia, do Insper

Mas por que viajar de avião no Brasil está tão caro?

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil apontam que o preço das passagens subiu por uma combinação de fatores, como a pandemia de covid-19, a alta do dólar nos últimos anos e o aumento do preço do combustível das aeronaves.

O setor afirma ainda que atravessa uma crise e tenta se reestruturar.

Ao mesmo tempo, além do valor das passagens, viajar de avião ficou mais caro porque muitos consumidores têm agora que arcar com cobranças extras, como a tarifa para despachar bagagens, em vigor desde 2017, que se tornou parte importante da receita das empresas aéreas.

O avanço das viagens de avião no Brasil

Até o início dos anos 2000, o valor das passagens aéreas era regulado pelo governo federal. O controle de preços gerava ineficiências, reduzindo o investimento das empresas e a oferta de voos, o que mantinha o valor das passagens elevado.

Desde 2001, as empresas aéreas passaram a ter liberdade para determinar as tarifas cobradas nas rotas domésticas.

A concorrência ganhou força a partir de 2005, com a criação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), estimulando investimentos e a expansão do setor, com crescimento da malha aérea, aumento da oferta de trechos e da quantidade de voos.

Essa expansão fez o valor das passagens cair bastante, segundo analistas, o que levou muito mais brasileiros a viajar de avião.

No entanto, nos últimos anos, o preço das passagens aéreas começou a subir gradualmente. Um dos fatores que contribuiu para esse aumento foi a crise econômica enfrentada pelo Brasil, que impactou a renda das famílias e reduziu a demanda por viagens aéreas. Além disso, a desvalorização da moeda brasileira em relação ao dólar também teve um papel significativo, já que muitos dos custos operacionais das companhias aéreas estão atrelados à moeda estrangeira.

Outro fator importante é o aumento do preço do combustível de aviação. O valor do querosene de aviação, utilizado pelas aeronaves, teve um aumento expressivo nos últimos anos, o que elevou os custos operacionais das companhias aéreas. Esse aumento nos custos é repassado para os consumidores por meio do preço das passagens.

Além disso, as companhias aéreas têm enfrentado desafios financeiros, com altos custos fixos e margens de lucro reduzidas. A pandemia de covid-19 agravou ainda mais essa situação, com uma queda drástica na demanda por viagens aéreas e restrições de voos em todo o mundo. As companhias tiveram que lidar com perdas significativas e buscar formas de se reestruturar financeiramente.

Adicionalmente, é importante mencionar as cobranças extras que os consumidores têm que arcar, como taxas de bagagem e serviços adicionais. Desde 2017, as empresas aéreas passaram a cobrar pela bagagem despachada, o que se tornou uma fonte adicional de receita para elas.

Todos esses fatores contribuíram para o aumento do preço das passagens aéreas no Brasil. Embora o país tenha experimentado uma expansão significativa do setor nos últimos anos, a atual conjuntura econômica, a desvalorização da moeda, os altos custos operacionais e a crise desencadeada pela pandemia têm impactado negativamente os preços das passagens.

Diante desse cenário, é fundamental que haja um equilíbrio entre a necessidade de as companhias aéreas cobrirem seus custos e a acessibilidade para os consumidores. A busca por alternativas que estimulem a concorrência saudável e promovam a redução dos preços é essencial para tornar as viagens de avião mais acessíveis e sustentáveis no Brasil.

É importante ressaltar que o cenário do setor aéreo pode sofrer variações ao longo do tempo, sendo influenciado por fatores econômicos, regulatórios e de mercado. Portanto, é necessário acompanhar de perto as mudanças e as políticas adotadas para entender melhor o panorama dos preços das passagens aéreas no Brasil.