Saiba como utilizar o MEL (Minimum Equipment List) para aeronaves

Saiba como utilizar o MEL (Minimum Equipment List) para aeronaves

A importância do MEL na segurança de voo

Quando ocorre uma falha em uma aeronave, encontrar uma solução que permita o voo sem comprometer a segurança é essencial. É nesse contexto que entra o MEL (Minimum Equipment List), um manual que lista os equipamentos essenciais do avião.

Entendendo os manuais relacionados ao MEL

No universo da aviação, existem diferentes manuais que auxiliam os pilotos a determinar se uma aeronave está apta para voar. Além do MEL, temos também o CDL (Configuration Deviation List) e o NEF (Non Essential and Furnishings).

Através desses documentos, o piloto em comando é capaz de avaliar se a aeronave possui as condições necessárias para realizar um voo específico.

Construindo o MEL

No processo de homologação de uma aeronave, o fabricante desenvolve a MMEL (Master Minimum Equipment List), que lista os itens que podem estar inoperantes, danificados ou ausentes. Essa lista leva em consideração a redundância dos sistemas, o impacto das falhas na segurança do voo e outras variáveis relevantes.

Com base na MMEL, os itens são classificados em três tipos:

GO: Despacho permitido

Permite o despacho da aeronave sem restrições, mesmo com a inoperância de um item específico. Por exemplo, se a aeronave possui dois conjuntos independentes de luzes de navegação e um deles estiver inoperante, ainda é possível despachá-la.

GO-IF: Despacho permitido com condições

O despacho da aeronave é permitido desde que sejam atendidas condições específicas. Por exemplo, a aeronave pode ser despachada mesmo com ambos os conjuntos de luzes de navegação inoperantes, desde que o voo seja restrito ao período diurno.

NO-GO: Despacho não permitido

Não é permitido o despacho da aeronave até que a falha seja corrigida. Por exemplo, se houver uma falha em um dos canais do FADEC (Full Authority Digital Engine Control), o despacho não será permitido.

Após a elaboração da MMEL, uma equipe de pilotos de teste do fabricante analisa a possibilidade de despachar a aeronave com o item inoperante. Em alguns casos, o despacho é permitido apenas para voos de traslado ou teste, sem passageiros ou carga remunerada a bordo.

Conteúdo do MEL

O MEL costuma ser dividido em seções, como:

Informações gerais

Essa seção contém detalhes sobre o manual, organização, revisões, aprovação e instruções de uso.

Entradas do MEL (opcional)

Essa seção lista os alarmes do ECAM/EICAS e sua relação com os itens que originaram os alarmes. Serve como um guia rápido para o piloto saber se um alarme específico resulta em um item GO ou NO-GO.

Itens do MEL

Nessa seção, são listados todos os itens que podem estar inoperantes, incluindo informações como intervalo de retificação, quantidade instalada, quantidade necessária para despacho e eventuais condições/limitações. Os itens são agrupados por sistemas, seguindo o padrão ATA-100.

Procedimentos operacionais

Nesta seção, são descritas as ações a serem tomadas pela tripulação em caso de inoperância de algum item.

Procedimentos de manutenção

Essa seção apresenta os procedimentos executados pela equipe de manutenção para garantir a aeronavegabilidade da aeronave.

A importância da proficiência em inglês

É importante destacar que o MEL geralmente está escrito em inglês, e a correta interpretação é crucial para garantir a aeronavegabilidade. Um bom domínio do idioma é essencial para evitar erros na aplicação dos procedimentos.

Em situações de pressão, como tempo limitado, passageiros embarcados e necessidade de replanejamento, interpretar erroneamente o MEL pode resultar em multas por operação irregular ou até mesmo em acidentes fatais.

Portanto, é fundamental estar familiarizado com o MEL da aeronave, analisar cuidadosamente os itens, buscar opiniões de outros membros da tripulação e da equipe de manutenção, verificar as condições de despacho e avaliar os impactos na operação, desempenho de decolagem/pouso e autonomia. Como piloto em comando, você tem total autoridade para recusar uma aeronave caso considere que ela não esteja em condições adequadas para a missão pretendida.

MEL na aviação geral

O uso do MEL é obrigatório para operadores de aeronaves sob o RBAC 121, 125, 135 e 129. No entanto, operadores sob o RBHA 91 estão dispensados do uso do MEL se operarem aeronaves de asa fixa ou rotativa com motores convencionais pesando menos de 5.700 quilos, ou se operarem aeronaves de categoria primária, planadores ou aeronaves mais leves que o ar, desde que a aeronave possua todos os sistemas/instrumentos exigidos para a operação pretendida (VFR ou IFR) de acordo com o manual da aeronave ou a legislação aplicável.

É importante ressaltar que muitas aeronaves da aviação geral possuem MMEL desenvolvidas pelos fabricantes, as quais são uma fonte valiosa de consulta e uma ferramenta de segurança de voo. Recomenda-se fortemente o seu uso para pilotos que atuam nesse segmento. Essas listas podem ser obtidas gratuitamente no site da FAA, na seção FSIMS, em uma das opções MMEL disponíveis.